Paisagens


Paisagens tranquilas ou desoladas.

Paisagens da estrada da vida mais do que da superfície da Terra.
Paisagens do Tempo que se escoa lentamente, quase imóvel e às vezes como que de marcha atrás.
Paisagens de retalhos, de nervos lacerados, de 'saudades'.
Paisagens para tapar as feridas, o aço, o estoiro, o mal, a época, a corda no pescoço, a mobilização.
Paisagens para abolir os gritos.
Paisagens como um lençol puxado até a cabeça.

Henri Michaux
(in Antologia,
Trad. Margarida Vale do Gato, Relógio d'Água, Lisboa, 1999)